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A síndrome de burnout e sua relação com a saúde do trabalhador

7 maio 2015

Além das conhecidas doenças que afetam o psicológico, como a depressão, síndrome do pânico e distúrbios de ansiedade, outra patologia vem atingindo a saúde dos trabalhadores: A síndrome de burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional. A enfermidade, que está cada vez mais presente no ambiente de trabalho, é o resultado de um estado de tensão emocional e estresse crônico provocado por condições desgastantes. Traduzindo do inglês, burn quer dizer queima, e out significa exterior, demonstrando que esse desgaste danifica aspectos psicológicos e físicos da pessoa.
A síndrome se desenvolve como resposta ao estresse ocupacional crônico e pode ser encontrada em qualquer profissão, mas, em especial, naquelas que trabalham em contato direto com pessoas em prestação de serviço. É o caso dos profissionais das áreas de saúde, educação, assistência social, recursos humanos, bombeiros, policiais, advogados e jornalistas. Quando o trabalho de quem lida com o público vira sofrimento, motivo de desânimo e estresse, o profissional adoece.
Em Goiânia, o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), serviço do Sistema Único de Saúde (SUS) ligado à Secretaria Municipal de Saúde (SMS), oferece ao trabalhador uma assistência integral à saúde, que abrange os aspectos físicos, psicológicos, biológicos e sociais. Como as funções da instituição estão relacionadas ao bem-estar e à recuperação da saúde do trabalhador, a síndrome de burnout desempenha um tema de interesse entre a equipe que atua na instituição. De acordo com a psicóloga da equipe de saúde mental do centro, Hélia Crispim, a instituição “tem investido na divulgação e discussão da enfermidade em todos os espaços pertinentes e oportunos, com o objetivo de levar ao conhecimento dos trabalhadores o fato de que sua atividade laboral também pode adoecer”.

Sintomas
As principais manifestações da doença são a sensação de esgotamento físico e emocional – e isso se reflete em todas as áreas da vida por meio de agressividade, impaciência, isolamento, ansiedade, depressão, baixa autoestima, dificuldade de concentração, mudanças de humor e lapsos de memória.
Questões envolvendo a saúde física também podem estar relacionadas com a síndrome de burnout, como dores de cabeça e enxaquecas, pressão alta, insônia, dores musculares, problemas estomacais, falta de apetite, sudorese e palpitação.
A soma desses mal-estares pode levar ao alcoolismo, ao uso de drogas e até mesmo ao suicídio. Na rotina diária, o indivíduo se isola, passa a ser irônico e a produtividade cai. A exaustão profissional é bastante limitadora, trazendo impedimentos para se realizar tarefas normais e se ter uma vida de qualidade.

O que fazer?
Para o diagnóstico da síndrome é indispensável a avaliação de um especialista, que realizará um exame clínico minucioso para analisar se os problemas enfrentados estão relacionados ao ambiente profissional que causa o estresse ou se são atitudes da própria pessoa. Hélia adverte que “a prevalência da doença ainda é incerta devido a subnotificação dos casos”.
Junto à terapia, é aconselhado melhorar a qualidade de vida, prevenir o estresse, garantir boa saúde física, dormir e alimentar-se bem, praticar atividades físicas e manter hobbies e interesse pela vida social. Ao procurar ajuda especializada, a pessoa apresenta maiores chances de se livrar da gama de sintomas que vem enfrentando. Hélia esclarece que “não existe um caminho definido quando se pensa em prevenção para a síndrome de burnout, porém algumas atitudes poderão contribuir para evitar ou amenizar o problema”.
A patologia está prevista na Lei 8.213-91, figurando na lista de transtornos mentais e do comportamento relacionados ao trabalho, autorizando o requerimento de auxílio doença previdenciário e estabilidade provisória no emprego, desde que constatado que a doença guarda conexão direta com o trabalho. O transtorno também está registrado no Grupo V da CID-10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde). A psicóloga ressalta que “o diagnóstico correto, caracterizando o trabalho como agravante, garante os direitos legais do trabalhador”.
Os trabalhadores que procuram o Cerest são encaminhados para os programas da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia com o objetivo de garantir que o problema do paciente seja solucionado.

Fonte: A síndrome de burnout e sua relação com a saúde do trabalhador